terça-feira, 1 de março de 2011

Carta de denuncia e desabafo de concursada não nomeada ao educAÇÃO BR

A educação no Estado está o caos! Refiro-me à educação que não se limita as salas de aulas, a educação proporcionada por todas aquelas instituições que agregam valor informacional.  São escolas onde faltam estrutura física, administrativa, professores. Escolas com alunos desmotivados, profissionais que têm que dar aulas de várias disciplinas para o qual não estão habilitados. São profissionais formados em história que dão aulas de matemática, formados em ciências que dão aula de matemática, física, química, biologia...
Bibliotecas sem funcionários especializados para tratar o acervo recebido, profissionais readaptados que ocupam vagas daqueles que se formaram para exercer tal profissão. Museus e arquivos sem profissionais especializados, poucos incentivos e pouca divulgação. Espaços ricos e de alta contribuição para a sociedade estudantil.
È engraçado observar que no ano da educação toda essa situação trágica da educação brasileira esteja passando diante dos nossos olhos, mas estamos cegos porque acreditamos no discurso político de que altos investimentos estão sendo realizados, e nas propagandas que apresentam pais e filhos felizes. È engraçada também a contraditoriedade do crescimento do Estado: Aumentou o n° de empregos, Suape cresce e ocorrem mais investimentos estrangeiros no país. Mas, e quem capacita as pessoas para esses empregos? A falta de mão – de – obra especializada é também conseqüência da falta de investimento em educação. O que obriga as empresas a importarem mão- de –obra, que poderia ser ocupada por profissionais pernambucanos. Mas ainda assim, acreditamos que tudo está indo muito bem no nosso Estado.
Hoje assisti um retrato da política brasileira que me entristeceu: Durante uma plenária na Assembléia Legislativa, um grupo de aprovados (MOPROPE) para vários cargos num concurso da Secretaria de Educação de novembro de 2008, protestava a favor das nomeações. Inclusive eu. Alguns deputados se pronunciaram de forma bastante pontual acerca desse caos na educação brasileira. Um deles inclusive citou um “discurso” que eu sempre costumo utilizar quando discuto sobre investimentos em educação no país: “países como Alemanha, Japão, Coréia, foram devastados por anos de guerras e hoje se tornaram potências mundiais porque se utilizaram de um princípio básico: investiram em educação”. È a educação que proporciona tecnologia, que proporciona melhor qualidade de vida, é cuidando da educação básica que se forma um estudante apto a disputar uma vaga de maneira justa e descente na universidade. Não através de cotas e outros benefícios.
Pois bem... Durante essa defesa do REAL INVESTIMENTO em educação no país, eis que um deputado do governo se pronuncia: Acusou a oposição de fazer discurso fácil, de usar da movimentação para se autopromover. Negou essa situação triste que estamos assistindo quanto a educação e fez tudo parecer perfeito, normal. Enquanto nós do movimento protestávamos pelo nosso direito à nomeação, protestávamos contra as humilhações que temos sofrido por lutarmos por esse direito, por uma educação mais justa e de qualidade, esse político fez a sua autopromoção - falando sobre suas experiências políticas – e ressaltando o quão bom é o partido do PT e os coligados à ele. Nesse momento, a minha decepção como brasileira, eleitora, educadora e concursada foi total. Eu percebi que aqueles nos quais a maioria da população votou não estavam naquele momento preocupados em defender o justo, o correto. Ele não estava preocupado em representar o povo que nele votou, ele não estava preocupado em defender as NECESSIDADES DA SOCIEDADE. Ele estava preocupado em defender a imagem daquele que o governa. E agora eu lhes pergunto: Onde está o governo que diz fazer o governo do povo? Eu não conheço esse governo. Porque aquele em que eu votei, me deu às costas quando precisei dele.  Por que aquele em quem votamos, está NOS DANDO às costas quando temos ido cobrar o que “nos foi prometido”, pior, quando temos ido cobrar o que nos garante a Constituição.
Graziella Moura. Bacharel em Biblioteconomia, e coordenadora do MOPROPE, aprovada no último concurso da educação em Pernambuco, aguardando nomeação.

Um comentário:

  1. essa é a realidade da nossa educação, da nossa politica muita propaganda e beneficio para o povo que é bom nada.

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