segunda-feira, 11 de abril de 2011

Educação Social: Esmola é ajuda?


Reportagem do NETV - Globo
Do educAÇÃO BR
Esmola e a falsa solidariedade.
Recife assim como outras cidades brasileiras é uma “polis dos invisíveis”, pessoas que passam as vidas despercebidas por todos e principalmente pelo poder público. Fenômeno provocado pela imensa desigualdade social e econômica que impera no nosso sistema capitalista desde outrora há séculos, potencializada com a revolução industrial, vem crescendo na velocidade e na medida em que decresce o sentido humanitário de um povo com uma educação social e até espiritual falidas.
É possível dizer que um país cresce somente pelos fatores econômicos e sem acompanhamento das melhoras dos indicadores sociais? Obviamente que não, pois temos o IDH para nos apontar a resposta. O Brasil tem uma das piores distribuições de renda do mundo, contraditoriamente figura bem e com velocidade de crescimento no cenário econômico mundial.
Paulo Freire no seu livro, Pedagogia do Oprimido fala sobre a “falsa caridade ou solidariedade” que é peculiar nos gestos dos que são opressores, da qual muito de nós praticamos. Esta que só serve para nos tirar a culpa ou criar uma imaginaria certeza de que fazemos a nossa parte.
Temos que abrir nossas mentes e entender a questão de forma politica, social e econômica e menos com a emoção do coração, assim vamos ter a certeza que a esmola é um engodo, algo que simplesmente alimentará e definirá de forma estável a situação opressor – oprimido. Quem dá não faz falta, quem recebe não resolve. Algo que pode até ajudar de forma instantânea a quem pede, ou ainda piorar a condição do oprimido, pois sem ingenuidades, sabemos que a maioria só pede dinheiro e este fica destinado à compra de drogas.
Mas o que fazer o cidadão que é consciente do “não dar esmola”, mas quer de fato ajudar aquele que para ele não é um invisível, nem o vê como uma oportunidade para livrar pesos e remorsos do seu ser opressor das costas com esmolas? Começa por cobrar a responsabilidade das autoridades competentes, dos eleitos para resolver tal problema social e de mais, pode-se fazer algum trabalho educativo por conta própria ou em alguma entidade séria, voluntario, com uma proposta pedagógica clara na intenção de tornar essas pessoas visíveis e tirá-las da condição de oprimidas, processo que precisa da participação destes oprimidos em ter também essa consciência, a que os libertará.
Ser solidário é solidarizar-se não somente pelo outro, mas com o outro buscar a sua liberdade que é a de todos. Algo que moedinhas dadas não fazem.

Um comentário:

  1. Muito bom o texto, capelão. Mas considerando a mentalidade política da nossa população, é muito mais simples fazer o que está mais ao alcance. Para uma mudança no contexto social brasileiro, só mesmo através da educação. E não vai melhorar agora não.

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