sábado, 14 de maio de 2011

Deputado Bolsonaro leva panfleto antigay a escolas do Rio

Jair Bolsonaro mandou imprimir 50 mil cópias de um panfleto contra o plano nacional que defende os direitos dos gays. O deputado federal eleito pelo PP do Rio está distribuindo o material em residências e escolas do Estado.
No Senado. Discussão entre parlamentares por conta do panfleto de Jair Bolsonaro
Do educAÇÃO BR
"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las".  O educAÇÃO BR concorda com o iluminista Voltaire, mas é difícil concordar com Bolsonaro pelos seus exageros, mesmo que ele tenha que dizer o que pensa, e os seus eleitores. Há uma confusão entre dizer o que pensa e discriminação a partir de sua posição em relação à questão homossexual.
O Dep. Bolsonaro tem o direito de ser contra a união homossexual, contra a PL da homofobia, de não gostar, de sentir ódio aos que tem opção sexual diferente do que ele e milhares tem como correta, o que ele não pode fazer é tonar sua contrariedade em agressão moral, psicológica ou até física contra as pessoas que são objetos de sua discordância (os gays). Uma linha muito tênue separa então o "pensar contra" e a materialização desse pensamento "preconceituoso ou posconceituoso" na discriminação, no tonar o outro inferior (homossexual), o tranformando em um sub cidadão, enquanto o que pensa diferente e não é "minoria", seja intitulado e até definido na ideologia nacional como o superior (heterossexual).

RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO

Um dos textos do impresso chega a associar a homossexualidade à pedofilia.
Bolsonaro não revelou quanto gastou, mas já disse que pretende repassar a conta para os cofres públicos: fala em incluir a despesa em sua verba de gabinete e pedir reembolso da Câmara.
Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress


"EMBOSCADOS"

"Apresento alguns dos 180 itens deste que chamo Plano Nacional da Vergonha, onde meninos e meninas, alunos do 1º Grau, serão emboscados por grupos de homossexuais fundamentalistas, levando aos nossos inocentes estudantes a mensagem de que ser gay ou lésbica é motivo de orgulho para a família brasileira", diz o folheto na primeira de suas quatro páginas.

Segundo a leitura de Bolsonaro, que é capitão da reserva do Exército, o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do governo cria de "cotas para professor gay", "batalhões policiais gays nos Estados", "Bolsa Gay" e "MST Gay".

Mas o principal alvo é o que o deputado chama de "kit gay", material didático antidiscriminação preparado pelo Ministério da Educação que será distribuído a escolas públicas. No material há filmes em que adolescentes descobrem que são gays.

"Querem, na escola, transformar seu filho de 6 a 8 anos em homossexual. Com o falso discurso de combater a homofobia, o MEC, na verdade incentiva a homossexualidade nas escolas públicas do 1º grau e torna nossos filhos presas fáceis para pedófilos", diz o panfleto do deputado.

O MEC diz que o material ainda está sob análise, mas deve ser distribuído no segundo semestre somente em escolas do ensino médio, cujos alunos têm 14 anos ou mais. O uso será opcional.

"FUNDAMENTALISTAS"

O secretário-executivo da Secretaria de Direitos Humanos, André Lázaro, e o presidente da ABGLT, Toni Reis, são citados no panfleto como "defensores do fundamentalismo homossexual". Reis diz que, apesar da imunidade parlamentar, entrará com queixa-crime contra Bolsonaro, devido à afirmação de que ele estaria de casamento marcado com um homem casado com sua mãe. Reis, cuja mãe já morreu, formalizou sua união estável anteontem. Seu parceiro jamais foi casado com ela, diz.

Já Lázaro disse que o deputado "usa de má-fé" ao criticar o kit anti-homofobia, pois sabe que ele não será distribuído a crianças de seis anos. "O kit não tem conotação de estímulo a comportamentos."
Lázaro descarta, porém, tomar medidas contra o deputado. "Nós, democratas, lutamos para que ele pudesse ter liberdade de opinar sobre os fatos, contrariamente à opinião dele, que defende a ditadura militar", afirmou.

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