terça-feira, 25 de outubro de 2011

Marcha de professores - Exército dos 10% pelo PIB educação.

Professores marcham em Brasília pelos 10% do PIB para a educação

Marcha pretende reunir 10 mil trabalhadores para pressionar deputados e senadores a encaminhar a proposta


Do educAÇÃO BR.

Quantos pés terão que marchar ainda no solo de Brasília para que o cumprimento de leis ou medidas que concensualmente no mundo da ética desenvolvem positivamente a educação de um país? Quem pode ser contra algo que melhore a educação? Declaradamente ninguém, é irracional em uma sociedade moderna, no século da informação e conhecimento, muito menos os políticos, eles não são loucos para em seus depoimentos emitirem ideias contrárias a educação de qualidade, mas no entanto, são contraditórios ao proporem ou apoiarem medidas inimigas da educação, ou simplesmente ignorar leis ou propostas, principalmente os de cargos executivos, governadores por exemplo.
Marchar é preciso, o ético e justo não podem ser engolidos pela vontade secular das elites continuarem negando a massa o direito a educação, o direito de enxergar e definir os caminhos a seguir em uma sociedade que só será igual e realmente democrática através das águas que correm nos leitos da nossa educação, e assim como água, não se nega a ninguém. 


São Paulo – Professores de todo o país organizam uma passeata para esta quarta-feira (26) em Brasília, para pressionar parlamentares a defender a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) ao setor de educação. A marcha, convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), estima reunir cerca de 10 mil pessoas, entre profissionais do setor, estudantes e população, que também devem protestar pelo cumprimento da lei do piso do magistério em todos os estados e municípios.
 

Em entrevista à Rádio Brasil Atual nesta terça-feira (25), Roberto Leão, presidente da CNTE, disse que a pressão sobre o Congresso é essencial para que avance o processo de melhorias na educação e para que os profissionais da área tenham seus direitos respeitados.“Consideramos essa Marcha decisiva para a aprovação dos 10% do PIB para a educação e para denunciar o não cumprimento do Piso Salarial (dos professores) pelos estados e municípios”, disse.

Cerca de 140 mil cartões-postais assinados em campanhas feitas durante o semestre nos 43 sindicatos filiados serão entregues ao relator do Plano Nacional de Educação (PNE) na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, Ângelo Vanhoni (PT-PR). O encontro está marcado para o período da manhã. Outros abaixo-assinados em apoio à luta da categoria devem ser colhidos ainda na quarta.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Mais um dia parado por uma educação que não anda no Brasil.

Paralisação pela Educação no Tocantins: professores vão às ruas por melhorias no sistema educacional
Professores na paralização em frente a Diretoria de Ensino em Araguatins - TO

Do educAÇÃO BR - Por Marcos Vinicius
Fotos de Dhiogo Rezende.
Em um estado que se gaba por pagar um dos melhores salários do país na educação, supostamente esse tipo de evento não deveria se fazer necessário. Infelizmente, ainda existem governos que, em plena democracia, “brincam” de governar e cometem as maiores atrocidades quando o assunto é educação.

A propaganda que o governo faz é de que a educação é fundamental para o crescimento de um país. Ora, isso é fato. Porém, a prática se mostra completamente diferente: não há a devida valorização dos profissionais. Os professores recebem salários inadequados com o trabalho que exercem, não possuem as condições necessárias para desenvolverem um trabalho mais eficaz, é enorme a dificuldade de realizar especializações e cursos de formação continuada, além da falta de reconhecimento por parte da sociedade.
Ainda por cima, a ideia de que a profissão é uma missão e que somos os salvadores da pátria funciona como um argumento para governo e sociedade martirizarem e até desrespeitarem o docente. Há pouco tempo ouvimos o governador do Ceará afirmar que “professor tem que trabalhar por amor” e em seguida, utilizar a polícia para conter a manifestação da classe. Acima de tudo, o professor é um profissional como todos os outros, e trabalha para a construção de um país mais justo e igualitário.
Desse modo, nessa terça-feira aconteceu o que podemos considerar um marco histórico na educação do Tocantins: cerca de 200 professores e professoras das redes estadual e federal participaram da Paralisação pela Educação, promovida pelo Sintet – Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Tocantins e Sinasefe – Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação, em Araguatins.

Mesmo debaixo do sol beirando os 40°, os educadores não se acanharam: foram às ruas para reclamar do descaso do governo brasileiro, e em especial, tocantinense, tem com a educação. Ao som de músicas criticando as palavras de campanha de Dilma Roussef e aos gritos de “Trabalhador na Rua, governo a culpa é sua”, a marcha seguiu pelas principais vias da cidade, culminando em ato público realizado em frente à sede da Diretoria Regional de Ensino.

“Estamos em greve desde o dia 02 de agosto. Temos uma pauta com as reivindicações. Já tentamos conversar com o governo, mas eles simplesmente não querem nos receber”, disse Aline Correa, técnica administrativa do IFTO – Instituto Federal do Tocantins e assessora de comunicação do Sinasefe. “Queremos um reajuste salarial de 14%, mas a proposta do governo é de apenas 4%. Além do mais, queremos que as gratificações contem como salário, tendo em vista que, na aposentadoria do servidor, haverá uma redução muito grande de valores. Além disso, que essas melhorias sejam estendidas aos técnicos, o que o governo não aceita”, completou.
Carlos Furtado - Diretor de Políticas Sociais do SINTET

Um dos principais militantes do Sintet, Carlos de Lima Furtado, diretor de políticas Sociais, apresentou as propostas para os professores da rede estadual. “Temos colegas que tivera o salário reduzido por conta da diminuição de turmas”, afirmou. “Isso sem contar o absurdo que é tirar as horas de planejamento dos professores, sob pena de redução de salário. O argumento do governo é a necessidade de contenção de gastos” acrescentou Carlos. “Queremos que o governo cumpra a lei. O governo se propõe a pagar a data-base a partir de janeiro de 2012. Nós concordamos que seja paga em 4 parcelas, mas eles disseram que só pagam em 24 vezes. Isso é inaceitável. Desse modo, alguns companheiros vão receber R$10.”
Questionado sobre a possibilidade de greve, Carlos foi enfático. “Nós nos reuniremos em Assembleia em Palmas dia 25. Caso o governo não se manifeste, há uma grande possibilidade. Se o governo pretendia reestruturar a pasta, que esperasse até o ano que vem. Como estamos praticamente no final do ano letivo, isso atrapalhou muito as coisas” completou.
Estudantes do Instituto Federal de Araguatins - Sem Aulas.

No final das contas, os maiores prejudicados são os alunos. Lorran Marinho, estudante do curso de computação do IFTO – Araguatins, ressaltou: “Não acho que os professores estejam errados. Já estamos há quase 3 meses sem aula e nem assim o governo se sensibiliza” comentou. ”A gente vê no jornal falando que as empresas só contratam quem tem qualificação. A gente quer estudar, quer se preparar para entrar no mercado de trabalho” acrescentou, indignado.

Referências da matéria:

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Jovens do Brasil, ainda distantes do ENEM e do Ensino Superior.

“Aquilo que o ENEM e o Brasil lhes pedem, não é o que a educação lhes dá.”



Cartaz de divulgação do ENEM no Colégio Estadual Buriti. Foto: Dhiogo Rezende
 
Do educAÇÃO BR.

O Exame Nacional do Ensino Médio surgiu no governo Lula como um instrumento inovador de avaliação e aos poucos foi sendo incorporado como uma forma padrão de ingresso nas universidades públicas e até nas particulares ligadas a outro projeto de inclusão ao ensino superior, o PROUNI.
As falhas de segurança do exame, ocorridas nos últimos anos, fizeram com que algumas universidades tradicionais quanto ao ingresso e seleção de seus estudantes, como a USP ainda resistam a adotar oficialmente o ENEM como processo seletivo. Contudo, depois dos vendavais na credibilidade do exame e da condução do Ministério da Educação, o ENEM resistiu e continua vivo e neste ano de 2011 se apresenta aos jovens que cursam os 3ª anos de todo o Brasil como um passaporte para a realização dos sonhos de fazer uma faculdade.
Mesmo com inúmeras criticas aos modelos de prova, as questões buscam habilidades e competências alinhadas ao perfil mais moderno e atualizado de um estudante concluinte do ensino médio. As duas provas realizadas em dois dias, somando 180 questões e uma redação cobram muita interpretação e analise de texto em todas as áreas do conhecimento, as questões trazem para o estudante níveis diferentes de complexidade, exigindo reflexão, criticidade dos conteúdos vistos nos programas do ensino médio.
As provas exigem do estudante uma formação técnica para o mercado de trabalho associada a uma visão humana, critico-social do mundo, seus diversos aspectos e relações. As questões se distanciam dos moldes ultrapassados de perguntas meramente objetivas e técnicas que incitam o aprendizado “decoreba”, de modo que seleciona os estudantes que estão concluindo o ensino básico com uma compreensão mais plena, significando os conteúdos a suas vidas, a realidade, ao mundo em que estão inseridos. Resumindo, nas 180 questões e redação do exame, ou estudante sabe ou não sabe.
Infelizmente no Brasil, o que se pede aos estudantes, não é o que se dá, principalmente para aqueles que estudam nas escolas públicas, mais ainda para os que estudam em regiões afastadas dos grandes centros. O sistema educacional do país é muito defasado e em muitos casos nega a estrutura para uma formação intelectual congruente com os níveis cobrados no ENEM e na própria vida social “capitalista”.
O ENEM inova na avaliação dos estudantes, mas mantém-se como um sistema excludente imitando o irmão mais velho e ultrapassado, o vestibular. Continua o sistema de seleção que privilegia as elites que podem executar com dinheiro o direito constitucional de um estudo de qualidade para seus herdeiros, enquanto os economicamente prejudicados da nação, famílias parentadas da classe média baixa e da pobreza assistida pelo Bolsa Família matriculam seus filhos no ensino público, onde ainda a cultura do saber, do conhecimento não é fornecida, nem pode ser compreendida como um direito e muito menos praticada com qualidade, tudo isto acompanhado das propositais irregularidades e “des-controles” com a educação pública por parte dos governos nos três níveis do poder público.
Mesmo com as inúmeras propagandas de extensão universitária e melhorias do ensino básico anunciadas pelos governos Lula-Dilma e executivos de muitos estados, fazer uma faculdade, pode continuar sendo apenas mais um sonho para muitos estudantes do país e do norte do Tocantins por exemplo. Uma região conhecida como Bico do Papagaio, cercada de belezas naturais, mas que apresenta índices alarmantes de desenvolvimento humano.
No Bico, as dificuldades já começam pela inexistência de universidades públicas na região, até as privadas são escassas, de forma que os poucos jovens, que primeiro se interessam e depois conseguem índices no ENEM, terão que ter toda uma logística e estrutura financeira para cursarem a faculdade em outros estados ou a 600, 700 km na capital, Palmas.
A região que na época da criação do estado em 1988 tinha mais de 50% de analfabetismo, fato que somado a baixa cobertura escolar e baixos índices de desenvolvimento humano, entre outros, formou uma barreira para educação e consequente aprendizado de qualidade da geração pioneira do antigo norte goiano. 23 anos depois, houve melhorias estruturais e sociais, mas os jovens dos pequenos municípios do Bico do Papagaio herdaram um distanciamento e desnivelamento para uma cultura do saber. Para muitos, a escola básica é um castigo forçado pelos pais que por fatores culturais e sociais pensam que a educação é dever exclusivo do estado, não participando da vida escolar dos filhos.
Exceto as comunidades rurais que tem suas dificuldades de aprendizado e estabelecimento de uma cultura escolar mais ligada a fatores do trabalho agrícola, nasce nos perímetros urbanos uma cultura do ócio juvenil, onde o cotidiano que poderia ser produtivo com as atividades escolares é substituído por um vazio intelectual ou cultura de massa em festas de sexta a domingo.
Os professores com ensino superior, especializados por área/disciplina são geralmente de outros estados, enquanto a maior parte dos educadores da região fez o magistério (normal-médio) com ensino a distancia. Na rede estadual os professores locais em sua maioria não são concursados, pois as vagas dos certames costumam ser ocupadas por candidatos de fora, que muitas vezes migram para outras cidades e escolas por não adaptação ou por motivos de melhoria profissional, juntamente a instabilidade dos contratados por questões politicas, aumentam o fluxo (vai e vem) ou a falta de docentes, o que é mais um ponto negativo para o ensino e aprendizagem.
Apesar das adversidades é possível observar pontos de luzes no fim do túnel, um desses pontos luminosos são alguns estudantes que mesmo inseridos em um meio social cercados de elementos de uma cultura torta ou desalinhada dos caminhos da educação de qualidade, acreditam na sua capacidade e continuam querendo e fazendo para chegarem lá. Em Buriti do Tocantins que tem cerca de nove mil habitantes e três unidades da rede pública oferecendo o ensino médio, teve em 2010 no maior colégio do município apenas 16 inscritos no ENEM, ainda no ano passado, o caçula dos estados ficou em ultimo lugar no Exame Nacional juntamente com o seu fronteiriço irmão Maranhão.
Procuramos alguns estudantes do 3ª ano do Colégio Estadual Buriti que estão às vésperas do ENEM 2011 em outubro. Eles contaram para o educAÇÃO BR as dificuldades e suas aspirações de futuro.

Samara Lorranny (17), Wandson Pereira (18) e Sinara Bonilha (17) Foto: Dhiogo Rezende. 


Os três estudantes do ensino médio disseram que a estrutura do colégio é boa e que existem bons professores, mas que algumas aulas não são bem aproveitadas por conta da bagunça, falta de atenção, falta de respeito e desinteresse das turmas pelas disciplinas e seus docentes, e também pela falta de inovação e até dominio de conteúdo nas aulas de alguns professores. "Quem tem mais interesse, nas salas fica prejudicado". Fatos que às vezes lhes causam desmotivação, sentimento que eles também observam nos educadores.
Percebo que o nível das aulas e das provas tem que ser maior, mas não é assim por não acompanhar o nível das turmas, vemos muita aprovação aqui, mas é o contrario do que acontece no ENEM. Afirmou Sinara.
Ainda mais desmotivador para eles é a falta do poder público na oferta de cursos e até postos de trabalho na região. Desanima saber que as provas são difíceis, a competição é grande e que existe gente melhor preparada em cidades maiores, e que se conseguirmos um bom resultado no ENEM, teremos que deixar a cidade, a família, os amigos para fazer algum curso bem distante. Disseram os estudantes.