quarta-feira, 11 de abril de 2012

Jornalista ataca prática educacional da cultura afrobrasileira

 
 Luiz Carlos Prates. Comentarista do Jornal do SBT
Do educAÇÃO BR

Por Marcos Vinicius
 
Infelizmente no nosso país ainda existem ignorantes como esse senhor.  Luís Carlos Prates, comentarista do Jornal do SBT, disparou esses absurdos contra a capoeira. No vídeo, ele afirma que "essa cultura de bater tambor e levantar o pé não leva a lugar algum". Ora, todos sabemos que, em um país onde a corrupção impera, o "jeitinho" prevalece, o poder público e seus representantes se contradizem entre palavras e ações é praticamente impossível que obtenhamos sucesso a curto prazo. Porém, é necessário enfatizar que são em muitas dessas ações culturais, muitas vezes desenvolvidas de modo voluntário, que existe a possibilidade de realizar mudanças no pensamento das pessoas, através da interação e do diálogo. 

São projetos como esses que desempenham o papel que o governo deveria por obrigação realizar. São projetos como esses que, apesar da exploração midiática da cultura estrangeira em detrimento da nossa, é que valores como identidade e respeito às nossas raízes são disseminados para muitos jovens. E são projetos como esse que promovem a inclusão social de pessoas com deficiência, população de periferia e afro-descendentes. Eis o motivo principal de muitos países serem o que são: a valorização da própria cultura.

Como professor da educação básica, sei o que ele quis dizer. O ideal seria que dispuséssemos de um sistema mais igual, mais justo e com melhores condições de vida para a população. Escolas integrais, com aulas diversificadas, incentivo a leitura, investimento de peso na educação certamente culminariam em progresso. Infelizmente, esse senhor foi infeliz em seus comentários. A ignorância dele nos mostra que ainda estamos longe de alcançarmos esse patamar.

domingo, 1 de abril de 2012

Educação pela ginga


Vamos jogar capoeira!

Projeto de capoeira vem fazendo a diferença entre a juventude local.

Do educAÇÃO BR

O berimbau toca. Os capoeiristas se reúnem em círculo ao seu redor. Após ser entoada uma ladainha, que pode ser uma exaltação à valentia do capoeira, um pedido de proteção ou um canto de lamento de um escravo com saudade de casa, dois adversários, ou “camarás”, como se diz na linguagem da luta, começam uma disputa de movimentos quase que coreografados. Um jogo de perguntas e respostas, de ataque e defesa, de ritmo e som. Isso é a capoeira.
 A teoria de que a capoeira foi desenvolvida por escravos há mais de 200 anos nas senzalas brasileiras é ainda a mais aceita por historiadores e estudiosos em geral. Estima-se que seja praticada por mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo. Graças à figura de Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba e Vicente Ferreira Pastinha, o mestre Pastinha, essa arte marcial que é um misto de dança e luta se difundiu pelo mundo, levando o legado brasileiro a países como Israel, Estados Unidos, França, Austrália e até China.
Mestre Bimba
Mestre Pastinha
Na cidade de Buriti do Tocantins existe o projeto Educamará, que difunde a capoeira e a sua filosofia de vida. Liderado pelo professor Marcos Vinicius da Cruz Andrade, professor da rede estadual de ensino, o projeto, que é voluntario, atende a alunos da Escola Vicente Carlos de Sousa e também da comunidade em geral. Atualmente com cerca de 20 alunos, são realizadas aulas três vezes por semana, onde os alunos aprendem os fundamentos da capoeira, a tocar os instrumentos, cantar músicas e o principal: aprendem a conviver bem com as outras pessoas. “Pratico capoeira desde os 12 anos e foi uma coisa que sempre gostei de fazer”, diz o professor Marcos. “Quando vim pra cá em 2008, vi muitos jovens e desestimulados na escola. Achei que a capoeira poderia ensiná-los algo, como me ensinou”, completou. Além dos treinos, os alunos assistem a palestras, filmes e documentários e quando possível, realizam apresentações em Buriti e outras cidades.
Treino na escola
Desde então, o projeto vem se desenvolvendo com ajuda das escolas em que o professor trabalhou. No entanto, os recursos são parcos e não atendem as demandas do projeto. “Temos vários alunos que não possuem uniformes e ainda não pudemos realizar um batizado” afirma o professor, referindo-se à cerimônia de graduação da capoeira. “Além disso, as aulas de instrumentos são raras, já que possuímos poucos. O apoio a esses tipos de projeto é praticamente inexistente.” Além da escola, as ações do projeto atendem alunos da Associação de Mulheres de Buriti.
 
              Mesmo com todas as dificuldades, o projeto vem gerando bons frutos. Um dos pontos fortes é a diminuição da reprovação e evasão escolar. “Os alunos que participam das aulas de capoeira têm se mostrado mais participativos e vem apresentando melhora no desempenho escolar.” O professor acredita no potencial da capoeira como agente transformador social. “Seria interessante ampliar as ações do projeto, para atender mais crianças e adolescentes da cidade. Afinal, a capoeira é para todos, pois promove disciplina, saúde e inclusão social.”
Roda na praça da cidade